Utilização de lactase na indústria de laticínios

A lactase é uma enzima produzida por mamíferos para viabilizar a digestão da lactose presente no leite. Uma deficiência na produção endógena de lactase pode gerar dificuldades na degradação deste açúcar, doença conhecida como intolerância à lactose, provocando desconforto intestinal, flatulência, cólicas, diarreia e até desidratação. Atualmente, estima-se que aproximadamente 70% da população mundial apresenta algum nível de dificuldade na digestão de lactose, especialmente na Ásia Oriental, na Europa Meridional, na África Subsaariana e na América Latina.

 

Por conta desta alta incidência de consumidores que apresentam restrições ao consumo de lácteos, o mercado de produtos com lactose reduzida ou sem lactose tem crescido muito nos últimos anos, buscando oferecer alternativas lácteas para esta parcela da população. Esta é uma forte tendência do mercado de laticínios, sendo que várias empresas estão lançando um portfólio para atender esta demanda, que inclui leite em pó, iogurtes, bebidas lácteas, creme de leite, leite condensado, doce de leite e queijos frescos e requeijão.

 

A hidrólise enzimática, através da enzima β-galactosidase, mais conhecida como lactase, é um dos métodos mais interessantes para redução do teor de lactose no leite e nos seus derivados; o grau de hidrólise depende da dosagem da lactase no leite e das condições de processamento. As enzimas utilizadas podem ser de origem microbiana (Kluyveromyces lactis, Kluyveromyces fragilis, Bifidobacterium bifidum) ou fúngica (Aspergillus niger, Aspergillus orizae), contudo as propriedades da enzima tais como pH e temperatura ótima de ação variam em função da sua fonte de obtenção.

 

O leite in natura contém aproximadamente 4,7% de lactose; a partir da adição de lactase pode-se reduzir este teor à menos de 0,1%. Para ser considerado como “zero lactose”, “isento de lactose”, “0% lactose” ou “sem lactose”, o produto deve conter abaixo de 100 mg de lactose por 100 g ou mL. Produtos contendo entre 100 mg até 1g/100 g são classificados como “baixo teor de lactose”. Qualquer alimento que contenha lactose em quantidade acima de 0,1% deverá trazer a expressão “contém lactose” em seu rótulo, de acordo com as RDC 135 e 136 publicadas em 2017 pela ANVISA.

 

Existem diversos fornecedores de lactase atuando no mercado, sendo que cada marca apresenta diferentes perfis e padrões de qualidade. A escolha da enzima deve levar em consideração o processo de fabricação e as características desejadas no produto final. A pureza e especificidade da lactase devem ser levadas em consideração de modo a evitar reações secundárias que podem causar gosto amargo no produto, defeito perceptível principalmente em produtos longa vida, como o leite UHT. Já a dosagem da enzima deve ser calculada em função do teor final de lactose desejado no produto – em concordância com a alegação no rótulo.

 

A velocidade das reações enzimáticas é fortemente dependente da temperatura ótima de ação da enzima. As condições de processamento devem ser adaptadas de modo a manter a reação dentro da faixa de atividade ótima da lactase: entre 30 e 40ºC (pode variar em função do fabricante). A termoestabilidade da enzima também deve ser considerada em função do tratamento térmico a ser aplicado; caso a enzima não seja desnaturada durante o processamento, ela deve ser declarada na lista de ingredientes.

 

Para a fabricação de produtos fermentados, a hidrólise da lactose pode ser feita antes da fermentação ou a enzima pode ser adicionada juntamente com o fermento. Neste caso, é recomendado a utilização de uma lactase que mantenha sua atividade mesmo em pH ácido, uma vez que as lactases convencionais são inativadas em pH 5,7. A hidrólise da lactose reduz a pós-acidificação em iogurtes, apresentando uma vantagem adicional à sua utilização. No entanto, é importante a realização de testes preliminares para avaliar a interação entre a enzima e o fermento utilizado na fabricação do iogurte, pois alguns podem apresentar um aumento no tempo de fermentação ou não chegar no pH final desejado.

 

A lactase também pode ser utilizada para a redução da lactose em queijos frescos, cream cheese, cottage, ricota, queijos ultrafiltrados, etc. Queijos maturados naturalmente apresentam um teor reduzido de lactose, uma vez que grande parte deste açúcar é eliminado no processo de dessoragem e outra parte acaba sendo o substrato de fermentação das bactérias durante a maturação.

 

É preciso ressaltar que a utilização da lactase na indústria de laticínios não se limita ao mercado de produtos sem lactose, “lactose free” ou com teor reduzido de lactose. A lactase apresenta várias outras aplicações, tais como: evitar a cristalização (formação de cristais que originam uma sensação arenosa na boca) em doce de leite, leite condensado e sorvetes; no aumento do poder edulcorante e na redução de calorias a partir da redução da quantidade de açúcar adicionado. A utilização da lactase promove o aumento da viscosidade do leite e de produtos lácteos, fator que pode ser favorável na fabricação de sobremesas lácteas e iogurtes.

 

A hidrólise da lactose libera uma molécula de glicose e outra de galactose. Estes dois açúcares possuem um índice de dulçor superior ao da lactose e proporcionam produtos mais doces que o original (sweet index lactose: 0,15; glicose: 0,75 e galactose: 0,30). Assim sendo, a adição de lactase na produção de iogurtes, leites fermentados e aromatizados permite uma redução na quantidade de sacarose adicionada sem comprometer a palatabilidade do produto. Esta redução deve ser avaliada para cada produto, mas pode chegar a quase 10%. A redução de açúcar nestes produtos, além de reduzir o custo de produção, pode ser uma aproveitada como uma estratégia de marketing, uma vez que muitos consumidores estão buscando reduzir a quantidade de carboidratos da dieta.

 

A lactase mostra-se como um importante aditivo da indústria de alimentos, pois viabiliza o consumo de produtos lácteos para uma grande parcela da população. Além disso, muitos consumidores acreditam que produtos sem lactose são mais saudáveis e buscam por estes produtos mesmo sem sofrerem algum tipo de intolerância. Desta forma, a lactase também pode ser utilizada pela indústria de laticínios sob a ótica do conceito de “saudabilidade”, uma grande tendência de mercado.

 


Fonte: Maike Taís Maziero Montanhini, MilkPoint


 

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Curiosidades interessantes sobre queijos

O queijo é produzido pela coagulação do leite e pode ser de leite de vaca, ovelha, cabra, búfala e outros mamíferos.

Existem centenas de tipos de queijos (são mais de 400 só na França). São vários os processos de produção que tornam um queijo diferente do outro: o tipo de mamífero que forneceu o leite, os teores de gordura, os tipos de bactérias (as responsáveis pela acidificação do produto) e bolores, o tempo de envelhecimento etc.

Alguns estudiosos dizem que a produção de queijo é tão antiga quanto a domesticação de animais. O queijo teria surgido por volta de 12 000 a. C., mas as primeiras referências a ele datam de 3 000 a. C..

O leite de búfala é mais branco e nutritivo do que o de vaca. A verdadeira muzzarella italiana é feita com esse tipo de leite.

O queijo emental surgiu por volta do século 15. Durante a produção, ele passa duas semanas no refrigerador e, em seguida, é levado para uma câmera com temperatura entre 20º C e 24º C. Essa mudança ativa uma bactéria que produz gás carbônico, formando buracos no queijo. O emental é muito usado em fondues.

O parmesão surgiu na cidade de Parma, na Itália – daí a origem do nome. Para adquirir seu aspecto, o parmesão chega a ficar dois anos maturando. Semelhante ao parmesão, o queijo grana permanece quatros anos na maturação.

O queijo parmesão ralado é um dos mais populares no Brasil. Ele é utilizado em receitas de polenta, lasanha, macarrão, carnes, salgadinhos e até bolos.

O queijo roquefort surgiu no Sul da França no século 11. Na produção tradicional, o roquefort é envelhecido nas cavernas da cidade de Roquefort, onde o frescor e a umidade ajudam o fungo Penicillium roqueforti a lhe dar o conhecido aspecto embolorado.

O cheddar é um queijo de origem inglesa, surgido no condado de Somerset.

O gouda é um queijo originário da cidade de Gouda, nos Países Baixos (Holanda).

O nome do gruière vem da cidade de Gruyères na Suíça. É um queijo duro, um pouco salgado e picante. É largamente usado em fondues.

Originário da região da Normandia, na França, o petit suisse ganhou esse nome por ser uma versão de um queijo cremoso produzido desde a Idade Média na Suíça. No Brasil, ele é largamente utilizado em produtos para crianças como Chambinho e Danoninho.

O macio queijo brie recebeu esse nome por cauda da província de Brie, na França, de onde é originário.

De origem italiana, a ricota não é propriamente um queijo, mas uma espécie de derivado do queijo produzido a partir do soro do leite de vaca. Para obter a ricota, basta ferver o soro para que a parte sólida venha à superfície.

Como o próprio nome indica, o queijo Minas surgiu em Minas Gerais. Sua produção é muito simples, já que ele não passa por etapas de envelhecimento.

O catupiry (que, na verdade, é um tipo de requeijão) é uma criação brasileira. Ele foi criado por Mário e Isaíra Silvestrini, um casal de imigrantes italianos, em 1911, em Lambari, Minas Gerais. A palavra catupiry tem origem tupi-guarani e significa “excelente”.

O queijo-do-reino, ou queijo reino, começou a ser produzido no Brasil para atender a demanda dos nobres portugueses instalados no país. Foi o primeiro queijo curado industrializado do Brasil. Recebe o nome de queijo-do-reino por ser fabricado para esses nobres. É semelhante ao queijo holandês edam. O consumo é maior durante o Natal.

Assim como o reino, o Minas e o Catupiry, o queijo prato é originário do Brasil. É muito parecido com o queijo dinamarquês fynbo. O queijo prato surgiu em 1920, da tentativa de colonos dinamarqueses de produzir o fynbo no Brasil. Como tinha um formato cilíndrico baixo, ele recebeu o nome de prato.

Típico do Nordeste, o coalho é feito por meio da adição de coalho ou outras enzimas coagulantes ao leite. É muito vendido em espetinhos na praia. Também é consumido frito na manteiga.

O queijo mais estranho do mundo é o cazu marzu, da Itália. Ele leva larvas vivas em seus ingredientes.

Um dos queijos mais caros do mundo é o pule, da Sérvia. Ele é feito com leite de burra e custa cerca de R$ 3.000,00 o quilo (dado de 2014).

Produzido na espanha, o queijo cabrales é feito a partir da mistura de vários queijos: vaca, cabra e ovelha.

O maior fabricante mundial de queijos não é a França, mas os Estados Unidos. Só o estado de Wisconsin produz mais de 600 tipos do produto. A França é o maior consumidor por pessoa.

 

 


Fonte: Ciência do Leite

Tirol mostra processo de produção por meio de websérie

Por meio da websérie ”Amor pelo Leite”, estrelada pela atriz Maisa Silva, a Tirol mostrar todo o cuidado, amor e qualidade durante o processo de produção desde a captação do leite nas propriedades rurais até sua industrialização.

 

 

De acordo com a Gerente de Marketing da Tirol, Lilian Paula Pagliochi, a Tirol é comprometida em levar produtos de qualidade à mesa dos consumidores e com o desejo de transferir a esses, informações sobre o processo que envolve a captação de leite e sua industrialização, idealizou uma séria de vídeos protagonizados pela artista Maisa Silva.

“Nossa marca preza pela informação e possui profundo respeito pelos seus consumidores, por isso, durante todo o ano recebe pessoas dentro da fábrica e na casa da família do seu produtor rural para demonstrar os processos de produção com a maior transparência possível. Infelizmente não é possível atender todos os consumidores com o nosso programa de visitas, o que fez nascer a ideia de produzir vídeos para contar a eles o dia a dia” explica Lilian.

Os episódios, que estão sendo divulgados desde abril de 2017, nas redes sociais da Tirol e nos canais oficiais da Maisa Silva, contaram com a espontaneidade e curiosidade da atriz que visitou propriedades rurais e indústria, conhecendo e contando para o público sobre todos os processos.

Confira abaixo os episódios da websérie “Amor pelo Leite”:

CHAMADA:

 

EPISÓDIO 1:

 

EPISÓDIO 2:

 

EPISÓDIO 3:

 

EPISÓDIO 4:

 

EPISÓDIO 5:

 


Fonte: Tirol

Suntory lança água sabor chá com leite

A Suntory lançou mais uma novidade na linha de água com sabor, a Suntory Tenneisui Premium Morning Tea Milk, ou melhor, água natural sabor chá com leite, que começou a ser vendida dia 26/09, no Japão. Igualmente aos demais sabores, a bebida não tem cor. Em abril, a empresa lançou a água sabor chá de limão, mas o novo produto chamou mais atenção por ter leite na composição.

A empresa está apostando nessa linha de águas aromatizadas devido ao grande sucesso entre as mulheres, principalmente. Muitas pessoas acabam consumindo o produto por acharem que a bebida é mais saudável por ser incolor, como uma água comum. Apesar de ter aparência de água, o sabor do chá é forte mas tem um toque suave, fazendo lembrar realmente um chá com leite. O produto já está a venda e custa 131 ienes, garrafa de 550 ml, e 115 ienes, garrafa de 280 ml. Os valores estão sem imposto.

 


Fonte: IPC Digital.

Tirosina, o cristal de proteína que prova que queijo traz felicidade

Embora alguns se enganem pensando ser sal ou açúcar, os cristais que aparecem nos queijos de massa dura são tirosina, aminoácido resultante de uma longa e boa cura. Muito benéfico, combate cansaço e depressão.

 

“A tirosina é um aminoácido que resulta da degradação das proteínas do queijo durante a sua cura. Para que os cristais apareçam, um tempo longo de cura é indispensável. Primeiro as proteínas se dividem em peptídeos, e depois em partículas ácidas menores, os aminoácidos” explicou Sébastien Roustel, pesquisador da escola Enilbio de Poligny, na França e co-autor do Guia de Cura* editado pela SerTãoBras.

 

“Para os cristais serem perceptíveis, é preciso toda paciência do mundo para esperar que as bactérias transformem lentamente as proteínas e ocorra concentração suficiente de tirosina”, disse ele.

 

Queijo gouda de 36 meses: excesso de tirosina pode deixar a massa do queijo muito quebradiça. FOTO: Débora Pereira/Acervo Pessoal.

Para isso, é preciso que o queijo não tenha excesso de água, senão a tirosina é dissolvida. Ou seja, impossível ter cristais em queijos de massa mole, mesmo envelhecidos. Eles aparecem essencialmente em queijo de massa prensada cozida, em geral após um ano e meio de cura. Quanto mais velhos os queijos, maiores os cristais.

 

O italiano Parmigiano Réggiano de 36 meses de cura pode ter cristais de tirosina maiores que um grão de arroz. FOTO: Débora Pereira/Acervo Pessoal.

Antes de pensar na tirosina, pense que cada queijo é um mundo de seres vivos invisíveis. Pense na aventura de um leite ao se transformar em queijo: um espaço de convivência de milhões de micro-organismos e substâncias para alimentá-los, em um meio líquido. De repente, começa a coagulação e esse meio se torna um gel, o que dá o aspecto sólido para o leite. Ao se alimentar do açúcar do leite, esses micro seres vivos vão liberar ácido lático que, com as enzimas e minerais, estabelecem ligações entre as caseínas.

 

“A melhor forma de entender isso é pensar que as caseínas são os ‘tijolos’ e os sais minerais são o cimento, essas ligações dão solidez ao mundo queijo”, disse Sébastien. Se a fermentação láctica acontece de forma bem feita, no dia seguinte da fabricação o queijo já pode ter nenhuma lactose, ou somente traços, porque já foi consumida pelas bactérias lácticas.

 

A cura do queijo começa na fabricação. O leite tem em média um pH entre 6,6 e 6,8. Na transformação em queijo, a massa passa por uma acidificação e esse meio se torna ácido, pH entre 4,8 e 5,2. Em seguida, vem uma fase alcalina. O pH torna a subir, as proteínas vão sendo cortadas em cadeias mais curtas (peptídeos, depois aminoácidos), o que é maravilhoso para liberar compostos aromáticos diversos.

 

Estima-se que 80% dos compostos aromáticos presentes no queijo são ligados à degradação dos aminoácidos e sua consequência em rede. Esse fenômeno é chamado proteólise: os micro-organismos vão digerindo o queijo e o resultado é um alimento muitos mais complexo em número de micro-partículas de sabores, por isso às vezes sentimos gosto de caramelo ou abacaxi em queijos muito curados.

 

Queijo Canastra do produtor Luciano Carvalho, de Medeiros, com 18 meses de cura. Ele foi servido em degustação para 150 profissionais do queijo em Paris em março de 2018, na ocasião da Journée Technique de Profession Fromager, harmonizado com mel e cerveja Mongy Triple, do norte da França. FOTO: Débora Pereira/Acervo Pessoal.

 

QUEIJO COM CRISTAIS DE FELICIDADE

A primeira felicidade de comer um queijo com tirosina é sentir a textura crocante dos cristais provocando as papilas gustativas e derretendo na boca. O efeito psicológico não poderia ser outro: a tirosina cumpre papel ativador dos hormônios da tireoide que combatem ansiedade e depressão. Ela ajuda na formação de neurotransmissores de adrenalina na medula e é considerada antioxidante, ou seja, rejuvenesce**. Por outro lado, Sébastien explica que elas não tem sabor específico, o prazer na hora de degustar o queijo está mais na sensação provocada pela textura.

 

Atletas têm o hábito de tomar complementos de tirosina que, afetando diretamente os níveis de dopamina, podem combater o cansaço. Outros estudos também parecem indicar que ela pode ser útil na perda de peso.

 

Queijo comté de 18 meses (acima à esquerda, ), queijo mimolette de 24 meses (alaranjado) e queijo gouda de 36 meses, com massa quebradiça, todos com cristais de tirosina em tamanhos diferentes. FOTO: Débora Pereira/Acervo Pessoal.

 

AÇÚCAR NO LEITE PARA DAR CRISTAIS DE TIROSINA? NÃO!

Depois de lerem informações na internet sobre os cristais de queijo serem feitos de açúcar, alguns leitores escreveram perguntando se é bom colocar açúcar no leite para fazer queijo. Segundo Sébastien Roustel, essa realmente não é uma boa ideia. O leite já tem seu açúcar natural, a lactose, que é consumida pelas bactérias. O açúcar acrescentado vai dar mais trabalho para as bactérias e vai demorar mais para chegar na fase alcalina necessária para a cura. Pode provocar também manchas e defeitos de cura, não favorecendo de jeito nenhum o aparecimento de cristais de tirosina.

 

Mas doce combina sim com queijo, como o “Romeu e Julieta” imortalizado na goiabada com queijo dos mineiros . Uma boa ideia são os queijos frescos de Minas recheados com goiabada, bananada e doce de leite. Junto a produtores do Serro, o Núcleo de Estudos e Extensão em Ciência e Tecnologia de Produtos de Origem Animal (NEPOA) desenvolveu um estudo*** sobre a técnica de fabricar queijos com goiabada ou bananada no interior. Os queijos são do tamanho de um queijo minas, são firmes e podem ser curados normalmente.

 

Queijo recheado com goiabada. FOTO: Cleube Boari/Acervo Pessoal.

 

 

Fontes:
*Guia de Cura de Queijos, autores Débora Pereira, Arnaud Sperat Czar e Sébastien Roustel, 2017.
** Quer saber mais sobre os benefícios da tirosa? Leia o estudo: “The effects of tyrosine depletion in normal healthy volunteers: implications for unipolar depression.”
***Artigo: Queijos recheados com doces amarelam e ficam firmes.
Jornal O Estado de São Paulo

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Leite vendido por quilo

A expressão “me dá um litro de leite” deve ser ouvida ainda por muitos anos no balcão das panificadoras e mercados. Mas na relação do produtor com a indústria, o pagamento por quilo de leite, ou seja, pelo conteúdo sólido em vez do líquido, é uma realidade de alguns países europeus que deverá, em maior ou menor grau, avançar no Brasil.

 

Cerca de 88% do leite é água. O que conta, no entanto, para definir a qualidade do leite é o percentual de componentes sólidos. São eles, representados pelos índices de gordura e proteína, que fazem a diferença na hora de produzir aquela linha de queijos, iogurtes ou sorvetes com textura e sabor diferenciados.

 

 

Atualmente, uma pequena fração do preço do leite pago ao produtor leva em conta percentuais de gordura e proteína, de contagem bacteriana (indicador de higiene) e de células somáticas (indicador de saúde da vaca). O grosso do pagamento ainda é feito com base no volume líquido recolhido pelo laticínio.

 

“O problema é que somos um país em que, historicamente, falta leite. Com isso as empresas ficam mais focadas em estimular a quantidade e não a qualidade. Mas já está na hora de mudar isso, para termos derivados de leite de maior qualidade”, aponta Paulo do Carmo Martins, pesquisador da Embrapa Gado de Leite que participa nesta semana (28 e 29/09) do VII Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite, em Curitiba.

 

INDÚSTRIA DE AUTOMÓVEIS

 

O pesquisador diz que o exemplo vem da indústria automobilística. “Ela capta a demanda, percebe a mudança de comportamento do consumidor e organiza toda a cadeia para trás”. Esse tipo de coordenação é o que estaria faltando para a indústria leiteira. “É muito fácil virar laticinista no Brasil. As empresas que tentam fazer esse tipo de gestão pela qualidade acabam tendo dificuldade de competir com aquelas que são amadoras e que bagunçam o mercado”, avalia Martins.

 

A mudança nesse mercado “bagunçado” já está acontecendo em ritmo forte, e penoso, para alguns. A cada 11 minutos um produtor de leite deixa a atividade por não conseguir se adaptar ao ambiente mais competitivo, com margens estreitas e exigência de maior produtividade.

 

Wilson Thiesen, presidente do Sindicato da Indústria do Leite no Paraná, prevê que haverá inevitavelmente uma seleção natural e que 40 a 50% dos produtores deixarão a atividade. “Hoje existe mais de um milhão de produtores de leite, basta ter duas ou três vaquinhas e você se torna um produtor. Vão ficar apenas aqueles que produzem com mais qualidade”, diz Thiesen, que aponta ainda o problema causado pelo número excessivo de laticínios. “Só no Sul do país são quase 600 indústrias, e muitas agem pelo imediatismo, não têm visão empresarial de médio e longo prazo nem tecnologia para produzir produtos de melhor qualidade”, critica.

 

Na medida em que a cadeia do leite vai sendo reestruturada, a tendência é que a indústria se aproxime do produtor e “encomende” qualidades específicas do leite, conforme o tipo de produto industrializado. Para o queijo, por exemplo, o que conta é a presença da caseína. Essa proteína, junto com o cálcio, “constitui a matriz do queijo” –destaca Paulo Fonseca da Silva, pesquisador da Universidade Federal de Juiz de Fora. A coagulação da caseína é que, no primeiro momento, forma a massa do queijo. “A forma de encontrar o índice de caseína ainda é um desafio para a pesquisa, precisamos achar uma maneira melhor, mais rápida e acurada de fazer isso”, diz Silva.

 

MOLHABILIDADE

 

Outro exemplo da relação direta entre os índices de sólidos e a qualidade do leite está na molhabilidade do leite em pó. Quanto mais solúvel – o consumidor não precisa ficar espremendo pelotas na xícara –, mais preservadas estão as proteínas e os glóbulos de gordura do leite. “A presença de proteínas do leite intactas, que não foram hidrolisadas, e também da gordura do leite, que não tenha sido rompida pelo estresse mecânico, favorece a indústria a produzir um leite em pó melhor do ponto de vista da instantaneidade”, aponta Paulo Fonseca da Silva.
Mas o pagamento por quilo de sólidos, em vez de litro de leite, é possível? “O teor de sólido é extremamente relevante para muitas formas de processamento do leite. E já há métodos analíticos confiáveis, adequados para esta medição. É um bom exemplo do que pode ser implementado”, afirma o pesquisador.

 

Há dez anos a Irlanda mudou a forma de pagar os produtores pelo leite cru. Saíram os litros, entraram os quilos no cálculo. “O pagamento por sólido maximiza o retorno para a indústria como um todo. Constatamos um aumento significativo dos percentuais de gordura e proteína e, em função disso, nossos produtores estão recebendo por ano 110 milhões de euros a mais do que no sistema antigo. Os índices de sólidos aumentam, os produtores recebem mais, e por causa disso, estão mais felizes”, resume Laurence Shalloo, pesquisador do Departamento de Desenvolvimento Agrícola e Alimentar da Irlanda.

 

Fonte: Gazeta do Povo

Indústria quer que governo compre R$ 1,6 bi em leite

Laticínios brasileiros querem medidas do governo para enxugar o mercado e aliviar a pressão sobre os preços internos de leite e derivados. Representantes do setor reclamam de sobreoferta e da concorrência com o produto importado, mas competitivo e mais barato. A indústria de lácteos pede que o governo compre 50 mil toneladas de leite em pó e 400 milhões de litros de UHT, que poderiam ter como destino a merenda escolar e programas sociais. Lideranças disseram a Globo Rural não ter recebido uma resposta de Brasília.

 

Além das compras governamentais, laticínios brasileiros defendem mais restrições às importações. O Ministério da Agricultura apoia a medida, sobre a qual a decisão passa pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

 

“A ideia é de que o governo faça uma compra imediata ou pelo menos dê uma sinalização ao mercado”, resume o secretário executivo do Sindicato dos Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat), Darlan Palharini. A conta apresentada pelo setor ao governo não é pequena. A considerar os volumes propostos e os preços de referência utilizados para reivindicar as aquisições oficiais – R$ 14,30 o quilo de leite em pó e R$ 2,21 o litro do UHT – o valor fica perto de R$ 1,6 bilhão. “Esse seria o mundo perfeito”, diz o representante dos laticínios gaúchos. “Se for olhar isoladamente, é um valor considerável, mas, dividindo por Estado, não é nada assustador”, argumenta.

 

No início deste mês, lideranças da indústria se reuniram com ministros e representantes de órgãos do governo federal. A Casa Civil delegou aos Ministérios do Desenvolvimento Social (MDS) e da Agricultura (Mapa) a análise da situação. Entre o que quer o setor e o que talvez seja possível, a distância pode ser grande. Às voltas com o ajuste das suas próprias contas e com a necessidade de promover a retomada da atividade econômica, a dificuldade maior é exatamente de onde tirar o dinheiro nas atuais condições. Não há prazo para tomar uma decisão.

 

“A proposta do setor ficou para os ministérios. A questão é como resolver. É um valor bem alto, uma questão de alto vulto, tem que tratar com responsabilidade”, diz o secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social, Caio Rocha. Em Goiás, a preocupação é que uma eventual aquisição por parte do governo seja limitada a poucos fornecedores. Alfredo Luiz Correia, diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado (Sindileite), defende que médios e grandes produtores possam também participar. “O governo tem que entrar para regular o mercado porque o problema é nacional, não só do produtor familiar. A aquisição tem que ser feita de produtores de todos os tamanhos”, diz Correia, afirmando esse assunto ainda está em debate entre representantes do setor.

 

Mas o Ministério da Agricultura é taxativo. O secretário de Política Agrícola, Neri Geller, avalia ser possível executar as compras apenas no âmbito dos programas sociais. O governo não tem estrutura para estocar grandes volumes de leite e derivados. “Não há como fazer isso. Mesmo se for leite em pó, como vamos fazer a manutenção disso? Agora, o mecanismo do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e aquisição para distribuição, estamos trabalhando o orçamento. Vamos fazer o que for factível”, diz.

 

Importações

Diante do excedente interno que pressiona os preços, a opção mais viável é limitar importações, pelo menos na visão do Ministério da Agricultura. Para Neri Geller, a concorrência com o produto do exterior é o principal problema a ser atacado para tentar reequilibrar o quadro de oferta e demanda do setor lácteo brasileiro. Uma medida neste sentido também atenderia a demanda dos laticínios. A indústria reclama, principalmente, da entrada do produto do Uruguai. Mais competitivo, o leite em pó do país vizinho chega a valores mais baixos, impondo uma paridade ao produto nacional.

 

Representantes dos laticínios dizem que esse movimento acontece mesmo quando as importações diminuem, como vem ocorrendo neste ano. No primeiro semestre, o Brasil comprou do Uruguai 17,9 mil toneladas de leite em pó. Entre janeiro e junho do ano passado, foram 30,3 mil toneladas. Palharini, do Rio Grande do Sul, explica que o leite em pó uruguaio é comprado atualmente a R$ 10,50 o quilo. O brasileiro custa em torno de R$ 12. Meses atrás, a cotação interna estava superior a R$ 14 o quilo. “O que chama a atenção é que as importações de leite em pó vem caindo, mas de outros derivados, como queijo e soro, estão aumentando”, preocupa-se o secretário executivo do Sindilat do Rio Grande do Sul.

 

Ele defende o estabelecimento de uma cota de importação de todos os derivados fornecidos pelo Uruguai. Uma eventual sanção seria mais rigorosa do que a aplicada à Argentina, cujo limite vale só para o leite em pó. Havendo sucesso com os uruguaios, diz ele, a ideia seria retomar a discussão e elevar as restrições também aos argentinos. O secretário de Política Agrícola, Neri Geller, reforça tese já defendida pelo próprio ministro Blairo Maggi. Entende que o leite deve ser retirado da pauta do Mercosul. “Não é vedar a importação, mas criar mecanismos para a concorrência não ser desleal. Temos conversado porque o problema do leite é grave e não podemos desarticular o setor porque recuperar é muito difícil.” A discussão passa pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), que chegou a propor a criação de um grupo de trabalho para tratar do assunto, inclusive, com o Uruguai. Procurado, o MDIC não deu uma resposta até a conclusão desta reportagem.

 

Fonte: Globo Rural

Mercado de embalagens para laticínios na América Latina

Com um valor de 60 bilhões de dólares, o mercado da América Latina responde por menos de 15% das vendas mundiais do mercado de laticínios [1].

Porém, este cenário deverá mudar em breve. O mercado de laticínios da América Latina é um dos mercados de crescimento mais rápidos no mundo, impulsionado principalmente pela produção de queijo e iogurte. A desaceleração econômica em vários mercados tem afetado as vendas de produtos lácteos, mas a contínua popularidade das embalagens reutilizáveis, a contínua urbanização das cidades latino-americanas e o crescente mercado de alternativas de produtos lácteos estão impulsionando o mercado de lácteos.

Embora uma maior prosperidade tenha ajudado a mudar a demanda do vidro para plástico e metal rígidos, a demanda por embalagens de valor agregado, como o vidro reutilizável, ainda é alta. Os frascos de vidro em refil ​​tornaram as bebidas, como o leite, mais acessíveis aos consumidores no México e na América Latina.

O México continua a ser o mercado mais forte para bebidas em recipientes recarregáveis, mas sofreu um declínio na modalidade de embalagens de reabastecimento.

O declínio dos recipientes recarregáveis ​​reflete a expansão em outras áreas da embalagem de produtos lácteos líquidos. Apesar da recessão no Brasil, a queda da economia na Venezuela e a introdução de um imposto sobre bebidas gaseificadas no México, o mercado de embalagens de bebidas da América Latina voltou ao crescimento em 2015 e vem aumentando desde então.

 

MAIOR URBANIZAÇÃO

Esta contínua expansão do mercado é impulsionada principalmente pela urbanização. Como 80% dos latino-americanos agora vivem em áreas urbanas, a demanda por embalagens menores e embalagens múltiplas “prontas para levar” está em alta. [2]

O aumento dos rendimentos e a expansão das lojas de varejo com corredores refrigerados estão modificando a procura das versões de leite e iogurtes não-embalados para as versões embaladas.

No Peru, por exemplo, as lojas de conveniência modernizadas são o principal canal para produtos alimentícios lácteos e de soja. [3]

Esta conveniência impulsiona a demanda por iogurtes líquidos de porção individual, um dos principais produtos lácteos da América Latina hoje em dia.

A Amcor (PACK EXPO Las Vegas, cabine # S-6256), por exemplo, está investindo neste mercado ao disponibilizar a extensa linha de garrafas de estoque de garrafas PET aos fabricantes de produtos lácteos latino-americanos.

 

AUMENTO DE ALTERNATIVAS DE PRODUTOS LÁCTEOS

Outro subproduto do expansão das mercearias modernas na América Latina é a expansão do mercado de produtos lácteos. Com um valor de US $ 1,33 bilhão em 2016, estima-se que este setor esteja crescendo em uma Taxa Composta Anual de Crescimento de 12,90%, chegando a US $ 2,44 bilhões até 2021.

Outros fatores que contribuem para esse crescimento incluem os lançamentos inovadores de produtos lácteos, as preocupações com a saúde, as mudanças nos estilos de vida, o comércio eletrônico e o aumento do número de consumidores alérgicos a produtos lácteos. [4]

Alimentos e bebidas feitos com base em alternativas aos produtos lácteos, preparados a partir de leite sem lactose, leite de soja ou outras fontes vegetais, estão sendo consumidos por clientes veganos ou intolerantes à lactose.

O Brasil e o México possuem uma demanda particularmente alta de produtos baseados em alternativas à produtos lácteos, incluindo leite, manteiga, sorvete, queijo, refrigerantes e bebidas energéticas. [5]

Espera-se que o consumo contínuo de produtos de valor agregado – como embalagens práticas, produtos com baixas calorias e alternativas de produtos lácteos – por consumidores de renda média e alta impulsione o mercado de embalagens de produtos lácteos na América Latina.

À medida que o consumo de produtos lácteos cresce em todo o mundo, o mesmo acontece com a demanda por sistemas de embalagens eficientes e tecnologias de produção de ponta.

 

Fonte: Terra Viva
[1] https://www.wiseguyreports.com/reports/1201251-dairy-in-latin-america
[2]http://www.euromonitor.com/steady-as-she-goes-beverage-packaging-defies-economic-headwinds-in-latin-america/report
[3]https://www.whatech.com/market-research/food-beverage/359556-dairy-soy-food-peru-s-market-forecast-to-2021-examined-in-new-market-research-report
[4]http://www.marketdataforecast.com/market-reports/latin-america-dairy-alternatives-market-253/
[5]http://www.prnewswire.com/news-releases/dairy-alternatives-market—global-industry-insights-by-2024-tmr-620226943.html

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