A menor demanda venezuelana por leite em pó trouxe de volta ao protagonismo das exportações brasileiras de lácteos o leite condensado. De janeiro a julho de 2017, as vendas externas do produto totalizaram 12,2 mil toneladas, volume 25% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.
No primeiro semestre, as negociações do leite condensado representaram 51% da quantidade total comercializada. Quanto à receita, o montante foi de US$ 27,1 milhões nos primeiros sete meses do ano, 57% maior frente ao mesmo período de 2016, representando 37% do total obtida pelo Brasil com a venda internacional de lácteos. A volta do leite condensado à liderança da pauta de exportações veio também acompanhada da redução de 7,8% no volume total de lácteos embarcado e da queda de 4% da receita obtida com as exportações de janeiro a julho deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Por outro lado, a maior abertura do mercado consumidor deste produto e o maior valor agregado evidenciam oportunidades ao setor. O leite condensado brasileiro foi enviado para 25 países, sendo Arábia Saudita (25% do total do volume), Estados Unidos (18%), Trinidad e Tobago (11%) e Emirados Árabes (9%) os principais compradores. O preço médio do leite condensado exportado foi de US$ 2.214/t no período, valor 43% superior à média de janeiro a julho de 2016. A produção de leite condensado segue crescendo no Brasil. Com o processamento relativamente simples, sua fabricação é viável por meio de adaptações em indústrias de pequeno e médio porte. O lácteo é obtido a partir da desidratação do leite fluido, seguida da refrigeração ou tratamento térmico (de acordo com o fim a que se destina), sendo conservado mediante a adição de açúcar. Ainda que tenha o termo condensado no nome, não passa pelo processo de condensação (passagem do estado de vapor ao estado líquido mediante da liberação de calor). Utiliza-se, na realidade, o processo de vaporização, que consiste na conversão de um líquido em vapor por meio de aquecimento ou evaporação.
Além disso, o desenvolvimento de novas tecnologias, como as embalagens cartonadas, também favoreceu a expansão da produção e o aumento de marcas no mercado nos últimos anos. Isso porque os os custos de produção diminuíram, deixando o derivado mais acessível ao consumidor. O consumo, aliás, é um ponto importante. De acordo com pesquisa realizada pela Kantar Worldpanel em 2015, o consumo de leite condensado no Brasil se mostrou relativamente estável frente à crise econômica, uma vez que o derivado é ingrediente central no preparo culinário de doces e sobremesas populares no Brasil (como o brigadeiro e o pudim). Apostar em qualidade dentro da porteira pode ser determinante para o setor. A fabricação do leite condensado é muito sensível ao teor de sais minerais (cálcio, magnésio, fosfatos e citratos), proteínas e acidez. O desequilíbrio entre esses elementos prejudica a formação dos colóides, afetando a estabilidade do produto e sua qualidade final. Assim, um dos critérios importantes é a baixa contagem de células somáticas (CCS) da matéria-prima. Em um mercado cada vez mais competitivo, a qualidade é o fator chave: para a indústria, pode significar a expansão de seu market share, tanto no mercado doméstico quanto no internacional; para o produtor, maior receita por meio de bonificações; e para o consumidor, a certeza de adquirir um produto com maior qualidade.
Fonte: CEPEA