O suíço Greg Behar preside desde 2014 a divisão responsável por alimentos especiais usados na prevenção ou no tratamento de doenças da multinacional suíça Nestlé. É uma das categorias da empresa que mais crescem, e o Brasil está entre os cinco maiores mercados. Para Behar, o envelhecimento da população vai aumentar a demanda por esse tipo de produto. Surpreendentemente, uma das maneiras de a empresa chegar a esses consumidores tem sido ir às redes sociais.

 

Behar, da Nestlé: “Os idosos são um grupo muito participativo, que comenta as publicações e chama os amigos para interagir” (Germano Luders/Revista EXAME).

 

Qual é a perspectiva de crescimento do mercado para consumidores idosos no mundo?

De acordo com as Nações Unidas, consumidores com mais de 60 anos, idade mínima para denominar esse grupo, representavam 12% da população global em 2015. As projeções apontam que esse percentual deverá dobrar em cinco décadas.

 

Como o perfil desses consumidores vem mudando ao longo do tempo?

Os idosos buscam cada vez mais qualidade de vida. Há 20 anos não se pensava em figuras como a cantora Madonna, com 59 anos e tão ativa. Portanto, nosso objetivo é contribuir com produtos que tenham um impacto positivo sobre o envelhecimento, aumentando a qualidade de vida.

 

É mais difícil atingir esse público, que eventualmente pode não gostar de ser chamado de velho?

A chave está em focar um interesse crescente desse público idoso: a capacidade de ter uma vida longa de qualidade e a valorização da própria saúde. Mas identificamos também que parte das compras é feita por filhos, em especial mulheres, que querem cuidar de seus pais.

 

Como afinar o discurso para não errar?

Acompanhamos histórias espontâneas nas redes sociais de pessoas que contaram como vivem o amor depois dos 50 anos no Brasil. Isso nos inspirou a produzir um filme para o Dia dos Namorados que teve 2,5 milhões de visualizações no Facebook com o produto Nutren Senior, suplemento alimentar voltado para o público idoso. Trata-se de um grupo muito participativo, que comenta nas publicações e chama os amigos para interagir, como numa postagem para ganhar uma amostra grátis.

 

O Brasil tem uma população relativamente jovem. Ainda assim, é um mercado prioritário para a Nestlé nessa área?

Sim. O Brasil está entre os cinco maiores mercados e é uma porta de entrada para a América Latina. O suplemento alimentar Nutren, fabricado em Araçatuba, no interior de São Paulo, já é exportado para Chile e Colômbia e deve chegar à Argentina em breve. Apesar da crise, o Brasil é um dos países onde as vendas mais crescem. Vendemos nossos produtos para 1300 hospitais e clínicas e para 26000 farmácias no país.

 

Além da fabricação, a empresa faz pesquisa e desenvolvimento de novos produtos no Brasil?

Cerca de 150 dos 3000 funcionários da divisão trabalham no Brasil, mas não na área de pesquisa. Há dois centros de pesquisa da Nestlé na Suíça, e estamos abrindo um nos Estados Unidos.

 

Como é possível se adaptar ao gosto do público local?

Infelizmente, até agora não encontramos empresas brasileiras muito avançadas nessa área científica, mas temos como inovar para o gosto local, por exemplo, com um suplemento sabor café com leite desenvolvido regionalmente com o apoio dos centros de pesquisa globais da Nestlé.

 


Fonte: Exame.