A estratégia de ampliar o portfólio levou a Coca-Cola a comprar, em parceria com os engarrafadores locais, duas empresas de derivados de leite na América Latina: a mexicana Santa Clara, há cinco anos, e a brasileira Verde Campo no ano passado. Antes disso, tinha comprado a Leão, que produz chás e café no Brasil. “Os lácteos são um negócio diferente pois vendemos bebidas a vida toda”, diz Juan Pratts, vice-presidente de assuntos públicos da Coca-Cola no México. Ele diz que a empresa está aprendendo a vender leite, iogurtes, queijos e sorvetes.
Em Pachuca, cidade ao norte da capital mexicana, a uma hora e meia de carro, a Santa Clara está recebendo neste mês 800 mil litros de leite por dia de 17 criadores de gado leiteiro. Isso inclui os 35 mil litros da família Gomez, que fundou a Santa Clara há 90 anos. Quase 90% é transformado em leite ultrapasteurizado UHT, que não necessita ser transportado em caminhão refrigerado e pode ser distribuído ao varejo na frota que leva outros produtos da Coca-Cola. O restante é dividido entre leite fresco, queijos, creme de leite fresco e sorvetes.
A Coca-Cola enfrenta a francesa Danone, que domina o mercado mexicano de iogurte, e a Lala, que comprou a Vigor no Brasil e é a maior empresa de laticínios do México. “Mas estamos crescendo rápido. Em leite UHT, estamos quase igual à Lala”, diz Francisco Javier Muñoz, engenheiro de alimentos, há 30 anos na Santa Clara. Grandes redes de varejo recebem o leite da Santa Clara, mas os sorvetes, queijos e iogurtes são mais facilmente encontrados nas 255 lojas da empresa.
A Coca-Cola vê grande potencial no mercado de lácteos. O consumo per capita de leite no México é a metade do recomendado pela FAO, o braço de alimentos e agricultura da Organização das Nações Unidas. O desafio é fazer um produto de qualidade a um preço acessível, já que 40% dos mexicanos são pobres, segundo o Fundo Monetário Internacional.
Fonte: Valor Econômico.