A aceitação de um produto pelo consumidor está diretamente ligada com a sua cor, como já diz o ditado “nós comemos com os olhos”. A aparência do alimento tem como função exercer um efeito estimulante do apetite, mas também poder ter o efeito contrário e inibir o apetite. Por isso, é fundamental que os aspectos visuais estejam de acordo com a expectativa de quem vai consumi-lo. Sob o mesmo ponto de vista, a finalidade dos corantes é conferir, padronizar e/ou intensificar a coloração de um alimento, assim deixando com as mesmas características de um produto natural. Além disso, são usados para reparar possíveis perdas que acontecem na produção e armazenamento, mantendo a uniformidade e os padrões do produto.
CLASSIFICAÇÃO
A Resolução CNNPA 44/77 propõe a classificação dos corantes permitidos nos alimentos. São eles:
2.1. Corante orgânico natural – aquele obtido a partir de vegetal, ou eventualmente, de animal, cujo princípio corante tenha sido isolado com o emprego de processo tecnológico adequado.
2.2. Corante orgânico sintético – aquele obtido por síntese orgânica mediante o emprego de processo tecnológico adequado.
2.2.1. Corante artificial – é o corante orgânico sintético não encontrado em produtos naturais.
2.2.2. Corante orgânico sintético idêntico ao natural – é o corante orgânico sintético cuja estrutura química é semelhante à do princípio ativo isolado de corante orgânico natural.
2.3. Corante inorgânico – aquele obtido a partir de substâncias minerais e submetido a processos de elaboração e purificação adequados a seu emprego em alimento.
2.4. Caramelo – o corante natural obtido pelo aquecimento de açúcares à temperatura superior ao ponto de fusão.
2.5. Caramelo (processo amônia) – é o corante orgânico sintético idêntico ao natural obtido pelo processo amônia, desde que o teor de 4-metil, imidazol não exceda no mesmo a 200mg/kg (duzentos miligramas por quilo).
MAS QUE TIPO DE CORANTE USAR AFINAL?
Cada um deles tem suas vantagens e desvantagens, mas é necessário realizar um estudo para que você possa determinar qual tipo de corante é melhor adicionar e em que estágio do processamento isso deve acontecer, já que alguns corantes mostraram instabilidade na temperatura, acidez, luz e outros fatores. Além disso, verifique os regulamentos relacionados à categoria de alimentos a serem desenvolvidos, pois corantes artificiais não são permitidos em alguns casos, e seu uso é restrito por legislação, pois em excesso podem ser prejudiciais à saúde.
Devido a possíveis danos, a tendência é reduzir o uso de corantes artificiais cada vez mais. A indústria de corantes naturais está investindo em pesquisas para melhorar a estabilidade da luz, calor e outros fatores que anteriormente limitavam o uso dos mesmos. Os corantes naturais têm uma variedade de tons e, quando misturados, podem formar uma paleta enorme, tão grande quanto as artificiais. Entre eles, os mais comuns são: o carmin de cochonilha, urucum e cúrcuma.
CORANTES NATURAIS MAIS COMUNS
CARMIM
O termo Carmin é usado em todo o mundo para descrever o complexo formado por alumínio e ácido carmínico. O ácido é extraído de insetos fêmeas secas de Dactylopius coccus e é um composto toxicologicamente seguro usado em alimentos. No contexto de corantes naturais, o carmim é o mais consumido no mundo devido à sua versatilidade e boa estabilidade ao calor e à luz, resistência à oxidação e sem alterações significativas devido à ação do dióxido de enxofre. Amplamente utilizado na indústria de iogurte, bebidas lácteas, recheios de biscoitos, gelatinas, sobremesas diversas e produtos de cárneos e embutidos. Do ponto de vista técnico, o Carmin é considerado um excelente corante devido à sua estabilidade.
URUCUM
Os pigmentos corantes do urucum são bixina e norbixina (etiqueta E 160 na Europa), obtidos a partir de sementes escarlate vivas de um arbusto tropical (Bixa orellana L.), que cresce na América do Sul e Central, Índia e África. As sementes de urucum são há muito valorizadas como uma especiaria que dá sabor e cor às iguarias. A maior parte da produção mundial de urucum vem da coleta de sementes de árvores silvestres ou de árvores plantadas em fazendas familiares. Tecnicamente falando, existem muitos tipos de corantes naturais de urucum, que podem colorir quase todos os alimentos do amarelo ao vermelho. No entanto, o urucum é mais comumente usado para colorir produtos lácteos, como queijo, manteiga e pastas.
CÚRCUMA
Cúrcuma (também conhecido como açafrão) faz parte da família do gengibre. Enraizado na Índia, é amplamente utilizado pelos habitantes locais para temperar e tingir alimentos, e tornou-se popular em produtos ocidentais, como o curry. O pigmento principal no açafrão é a curcumina. A cúrcuma é de natureza verde-amarela e é comumente usada para colorir produtos como bebidas, sorvetes e doces. Os corantes à base de açafrão são muito resistentes a altas temperaturas e pH. Curiosamente, os pigmentos de curcumina têm propriedades antioxidantes, além de suas propriedades corantes.
Referências:
BONDE. Entenda os benefícios dos corantes naturais para a saúde. Disponível em: https://www.bonde.com.br/saude/nutricao/entenda-os-beneficios-dos-corantes-naturais-para-a-saude-247325.html. Acesso em: 15 jun. 2020.
CHR HANSEN. Cúrcuma. Disponível em: https://www.chr-hansen.com/pt/natural-colors/a-rainbow-of-colors/yellow-orange/turmeric. Acesso em: 3 jul. 2020.
CHR HANSEN. Urucum. Disponível em: https://www.chr-hansen.com/pt/natural-colors/a-rainbow-of-colors/yellow-orange/annatto. Acesso em: 3 jul. 2020.
MILKNET. Corantes Naturais X Corantes Artificiais. Disponível em: https://www.milknet.com.br/corantes-naturais-x-corantes-artificiais/. Acesso em: 30 jun. 2020.
O URUCUM. Corantes do Urucum. Disponível em: https://www.ourucum.com.br/corantes-do-urucum. Acesso em: 2 jul. 2020.
PORTAL ANVISA. RESOLUÇÃO – CNNPA Nº 44, DE 1977. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/391619/RESOLUCAO_CNNPA_44_1977.pdf/b8d43a0d-5c1b-4be1-ba69-67f69cf55446. Acesso em: 18 jun. 2020.