Apesar da queda nos custos de produção da atividade leiteira, elas estão maiores que em 2017

Os custos de produção da atividade leiteira caíram pelo segundo mês consecutivo. Segundo o Índice Scot Consultoria de Custo de Produção o recuo foi de 0,8% em julho, em relação a junho deste ano.
A queda nos preços dos alimentos concentrados e dos combustíveis puxaram o indicador para baixo.

Em relação a igual período do ano passado, os custos da atividade estão 10,5% maiores.
Com o ligeiro recuo nos custos de produção e aumento no preço do leite pago ao produtor nos últimos meses as margens da atividade melhoraram.

Para o curto prazo, a expectativa é de preços mais firmes para os alimentos concentrados, com a entressafra nos Estados Unidos e boa demanda interna e para exportação. Atenção também ao câmbio.

Fonte: Scot Consultoria

Menor oferta de matéria-prima e alta do longa vida dão sustentação aos preços do leite ao produtor

O preço médio subiu 3,4% frente ao pagamento anterior, que já havia registrado aumento de 1,6%, mas ainda assim o preço vigente está 5,0% abaixo na comparação com o mesmo período do ano passado, em valores nominais.

A alta foi puxada pela menor oferta de leite no país e maior concorrência entre os laticínios, com a curva de produção de leite caindo desde dezembro de 2017 nas principais bacias do país.

Os dados parciais do Índice Scot Consultoria de Captação apontam para queda de 2,1% no volume de leite captado em março, frente a fevereiro deste ano.

Com a menor disponibilidade de matéria-prima e o consumo reagindo na ponta final da cadeia (ainda que timidamente) os preços dos lácteos subiram no atacado desde o começo de 2018 e dão suporte às cotações na fazenda. A alta de preços na indústria foi puxada principalmente pelo leite longa vida.

Para o pagamento a ser realizado em abril, referente a produção de março, 73,0% dos laticínios pesquisados pela Scot Consultoria acreditam em alta do preço do leite ao produtor e os 27,0% restante falam em manutenção frente ao pagamento anterior.

Para o pagamento de maio/18, mais de 95,0% das indústrias no Sul, Sudeste e Centro-Oeste apontam para alta nos preços do leite ao produtor.

A expectativa é de que os preços subam até pelo menos o pagamento de julho.

Fonte: Scot Consultoria

Programa “Mais Leite Mais Renda” traça estratégias para alavancar a produção

Produção de leite no estado de são paulo

Reunido na sexta-feira, 2 de fevereiro, na sede da Secretaria de Agricultura, na Capital, o grupo gestor do programa Mais Leite, Mais Renda avaliou o trabalho realizado em 2017 e discutiu a agenda para 2018. A reunião foi presidida pelo secretário Arnaldo Jardim, titular da Pasta, e contou com a presença de José Luiz Fontes, dirigente da Assessoria Técnica da Secretaria; Fernando Gomes Buchala e João Brunelli Júnior, responsáveis, respectivamente, pelas coordenadorias de Defesa Agropecuária (CDA) e de Assistência Técnica Integral (Cati); e de Diógenes Kassaoka, diretor do Instituto de Cooperativismo e Associativismo (ICA).

Para dar maior agilidade aos trabalhos, a equipe de coordenação do programa dividiu-se em 5 grupos de trabalho (GTs), que aprofundam temas específicos, mas mantêm total sinergias entre os grupos. Após análise dos avanços e entraves encontrados no último semestre de 2017, os integrantes dos GTs apresentaram as propostas para 2018:

Regulamentação: aprovar a regulamentação que rege a agroindústria de pequeno porte e a produção artesanal e propor alterações no decreto 36.964, que trata da inspeção de produtos de origem animal. O trabalho desse GT já está bem encaminhado, conforme observou Buchala, lembrando que, após consulta pública, a minuta de resolução que moderniza a legislação sobre a produção de queijos artesanais, charcutaria e outros embutidos de origem animal, que se encontra em fase de implantação. “O Estado de São Paulo está modernizando a legislação, desburocratizando e facilitando o acesso, sem perder os controles. Procedimentos tem que ser respeitados, por que o que está em jogo é a saúde dos consumidores”, explicou, destacando que São Paulo já encaminhou uma solicitação de auditoria por parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para que o Estado possa integrar o Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) e passe a emitir um selo que permitirá ao produtor paulista vender seus produtos em todos os estados da Federação.

Grande idealizador do programa, Arnaldo Jardim afirmou que o Mais Leite, Mais Renda avaliou o trabalho realizado em 2017 e discutiu a agenda para 2018. A reunião está cumprindo o objetivo de coordenar as ações de fomento para o setor com iniciativas que muitas vezes não conseguem ganhar a devida repercussão. Para o titular da Pasta, a articulação e integração das ações fará com que o setor ganhe escala e tenha melhor sintonia. “A estimativa é ampliar em 41% a produção, nos próximos 10 anos, partindo dos 1,77 bilhões que temos hoje, para 2,5 bilhões/litros/ano, o equivale a elevação da produtividade de 1.380 para dois mil litros/vaca/ano”, explicou.

Informação: estabelecer mecanismos de rastreamento e tratamento de informações sobre a produção estadual de lácteos, processadas por município, por meio de instituições que já realizam esse levantamento como o IEA, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com Kassaoka, o objetivo é municiar o grupo com uma base de dados robusta e interativa, onde o usuário possa associar dados de vários órgãos em uma única pesquisa, com um programa semelhante ao que foi desenvolvido para o sistema de compras públicas, disponível no portal do ICA. Brunelli, informou que o Levantamento Censitário de Unidades de Produção Agrícola (Lupa) está sendo finalizado, “até março, teremos um diagnóstico mais preciso da nossa produção”.

Valorização: demonstrar a qualidade e seguridade dos produtos lácteos; estimular o pagamento e a penalização por qualidade; promover o diálogo entre todos os integrantes da cadeia. Uma medida considerada importante pelos integrantes do GT foi a inclusão do produto, pelo governador Geraldo Alckmin no Programa Paulista de Agricultura de Interesse Social. Também conhecido como PPAIS Leite, a iniciativa que permite a venda de alimentos a penitenciárias, universidades, escolas e hospitais estaduais por meio da agricultura familiar, contribuiu para a geração de emprego e renda na agricultura familiar. “Precisamos estar atentos ao que cada arranjo mercadológico pode oferecer para o desenvolvimento da cadeia e a produção de um leite de qualidade”, destacou Iveraldo dos Santos Dutra, professor da Faculdade de Medicina Veterinária (FMV/Unesp).

Competitividade: realizar estudos para a criação de produtos diferenciados com certificação de qualidade; estimular a organização rural e prioritariamente trabalhar com associações e cooperativas. Carlos Pagani Netto, extensionista da Cati, informou que estão em fase de certificação 3 projetos, 1 junto ao Serviço de Inspeção Federal e 2 pelo Sisbi, para comercialização de leite produzido em A2 – um produto que, de acordo com pesquisas, tem menos quantidade de beta-caseína, o que é o ideal para pessoas alérgicas. “Nasceu dentro da Secretaria de Agricultura, em parceria com a Unesp, esse produto só tem benefício, é um alimento natural e agrega valor para os produtores”, afirmou.

Sustentabilidade: estabelecer mecanismos de avaliação da produção através da aplicação de questionários de diagnóstico sobre a situação das propriedades (aspectos ambientais, financeiros, de produção, sanitários, trabalhistas e sociais), que devem ser reaplicados anualmente. Disponibilizar crédito assistido. Avaliar a eficiência das práticas através de controle de sua viabilidade financeira. Pagani afirmou que estão sendo realizadas reuniões com grupos de produtores nas principais bacias leiteiras do Estado para avaliar a situação das propriedades e orientar sobre a aquisição de crédito. “Estamos trabalhando com projetos regionais. É a primeira experiência de crédito assistido da qual o Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap) participa”, explicou Fernando Aluízio Pontes de Oliveira Penteado, secretário-executivo do Fundo.

Experiência de Sucesso

Conhecer as experiências de sucesso de outros estados e aprender com elas é um dos objetivos do programa Mais Leite Mais Renda. Nesse sentido, a apresentação de Airton Spies, secretário-adjunto da Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina, trouxe conhecimentos valiosos. Spies explicou que a produção de leite de seu Estado, somada a do Rio Grande do Sul e do Paraná colocou a região como a maior produtora do País, com um volume de 12,45 bilhões de litros produzidos no ano passado, que correspondeu a um crescimento de 1,1% em relação ao ano anterior.

Em números absolutos, o Estado de Minas Gerais continua sendo o maior produtor de leite, com produção de 8,97 bilhões de litros em 2016, queda de 1,9% em relação ao ano anterior. São Paulo também apresentou queda na produção de leite. Segundo o IBGE, a produ ção caiu de um volume de 1,77 bilhão em 2015 para 1,69 bilhão, em 2016, ou seja – 4,6%. Mas, Spies fez questão de frisar que as más notícias são também boas notícias. “São Paulo só produz 25% do leite que necessita, enquanto Santa Catarina consome pouco mais de ¼ do leite produzido”, comentou, ressaltando que, um produto de qualidade, a baixo custo, cadeias produtivas bem organizadas e eficientes e respeito ao meio ambiente são as chaves que permitirão ao País ingressar no restrito grupo de países exportadores de leite.

Para Spies, o que fará com que São Paulo recupere posições e volte a ser um dos principais players do Brasil é equacionar o aumento de renda do produtor, participação na gestão da propriedade, acesso à internet e telefonia, estradas rurais de boa qualidade, humanização do trabalho, reconhecimento e ampliação da autoestima; aliados ao bem-estar animal, eficiência econômica e respeito às normas sanitárias.

Programa Mais Leite, Mais Renda

O grupo gestor do programa Mais Leite Mais Renda é formado por representantes das coordenadorias que compõem a Pasta: Defesa Agropecuária (CDA), Assistência Técnica Integral (Cati) e Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro) e da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta); das universidades paulistas: Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP) e Universidade Estadual Paulista (Unesp); produtores rurais e integrantes das entidades ligadas ao setor.

Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Expectativa de equilíbrio no mercado global de lácteos

A combinação de continuidade de demanda firme e de produção crescente em 2018 deve fazer com que os preços internacionais dos lácteos fiquem em patamares não muito distantes dos registrados este ano, segundo analistas do setor. A expectativa é que as cotações do leite em pó integral – um dos principais produtos negociados no mercado internacional – oscilem entre US$ 2.700 e US$ 3.200 por tonelada no ano que vem.

Desde o começo de outubro, os preços do produto no leilão da plataforma Global Dairy Trade (GDT), referência para o mercado internacional, estão em queda. Começaram o ano perto de US$ 3.300 por tonelada. Caíram abaixo de US$ 2.800 em março, recuperaram-se, mas voltaram a recuar este mês. Segundo Valter Galan, analista da consultoria MilkPoint, a queda recente reflete o aumento da produção de leite na União Europeia e nos Estados Unidos, que mais que compensou o avanço da demanda da China, maior importador mundial de lácteos. “A China está comprando muito, mas a produção nos EUA e na União Europeia cresce compensando a demanda chinesa”, disse Galan.

De janeiro a setembro, as importações de leites em pó (integral e desnatado) pela China subiram 20,6%, para 599,1 mil toneladas. A diferença equivale a 977 milhões de litros de leite. Só entre junho e agosto, o aumento da produção de leite na UE foi de 875 milhões de litros ante o mesmo intervalo de 2016. Nos EUA, foram 1,082 bilhão de litros a mais entre junho e setembro, segundo acompanhamento do MilkPoint.

Segundo Galan, a expectativa é que a China continue ativa no mercado internacional de lácteos em 2018. O petróleo mais valorizado também deve estimular a demanda de países produtores do combustível, como os do Oriente Médio, o México e a Rússia.
Por outro lado, a produção de matéria-prima tende a continuar a crescer, diz. “Principalmente nos EUA, que crescem, consistentemente, 1% a 1,5% ao ano, mas também na UE, apesar da queda de preços, que deve começar a desestimular a produção em alguns países”, acrescenta. Apesar da dificuldade de “cravar” um cenário para 2018, Galan diz que nesse ambiente de certo equilíbrio entre oferta e demanda, os preços devem ficar entre US$ 2.700 e US$ 3.200 por tonelada.

Andrés Padilla, analista sênior do Rabobank Brasil, trabalha com um intervalo entre US$ 2.700 e US$ 3.000 por tonelada para o leite em pó integral no próximo ano. Ele também atribui a recente queda à alta da produção na UE e nos EUA nos últimos meses, estimulada por uma melhora no preço ao produtor. Para ele, a produção mundial deve crescer num ritmo mais lento em 2018 e a demanda por lácteos deve continuar a avançar. Além da China e de países exportadores de petróleo, o analista aponta ainda o incremento da demanda em países do sudeste asiático.

Diante da expectativa de que os preços internacionais fiquem em níveis não muito diferentes dos atuais e num cenário de câmbio entre R$ 3,00 e R$ 3,30, as importações brasileiras de lácteos devem manter os volumes, acredita Padilla. Segundo o Ministério da Agricultura, entre janeiro e outubro as importações somaram 150 mil toneladas, 27% abaixo de igual intervalo de 2016.

Já a produção nacional de leite deve continuar a crescer, também num ritmo menor que neste ano. “O produtor está um pouco desestimulado por causa dos preços e provavelmente o custo de produção será maior”, diz o analista.

 


Fonte: Valor Econômico